Conheça a história inspiradora do refugiado angolano que pedia por residência no Canadá

Na Fale Alfa, somos especialistas em internacionalização de pessoas e empresas, atendemos várias pessoas ao redor do mundo e temos muito orgulho em fazer parte da história de cada um, seja alguém que precise pleitear um trabalho na Inglaterra, alguém que esteja visitando o namorado em Nova York ou, quem sabe, um refugiado angolano pedindo residência no Canadá. 

Nosso trabalho é ajudar as pessoas a se comunicarem. Mas já pensou em morar em um país onde isso é praticamente proibido?

A liberdade de expressão é garantida a qualquer pessoa, assim é possível externar, buscar e receber ideias e informações com a linguagem oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação.

O princípio da liberdade de expressão é protegido pela Constituição brasileira, porém, em alguns países, este não é o caso.

Em Angola, a imprensa e as pessoas se sentem intimidadas no que diz respeito a qualquer vontade ou possibilidade de expressão.

Nesse contexto, vamos contar a história do M.F. Ele nasceu em Luanda, na Angola, em plena guerra civil local. Vamos chamá-lo assim a fim de proteger sua identidade.

A guerra começou imediatamente após Angola se tornar independente de Portugal, em 1975, e se estendeu até 2002. Foi uma luta de poder entre dois movimentos de guerrilha anticolonial: o Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA e a União Nacional para a Independência Total de Angola, a UNITA

Apesar de terem em comum o desejo de extinguir o domínio colonial, possuíam raízes diferentes na sociedade e lideranças discordantes. Eles eram apoiados por várias outras potências, como Cuba, União Soviética e Estados Unidos. 

Dessa guerra, o MPLA saiu vencedor. Depois de cidades e aldeias dizimadas, uma estimativa de 1 milhão de mortos em combate e 4 milhões de refugiados em outros países.

O pai de M.F, foi um dos primeiros guerrilheiros nessa época. Segundo ele, por ter se recusado a se unir ao MPLA, seu pai foi preso, torturado, amarrado e arrastado por um carro em um dos bairros de Luanda.

Durante os confrontos de 1992, M.F, na época, com 7 anos, relembra mais torturas acometidas ao seu pai por seu posicionamento político: “por mais de um ano meu pai foi levado pela segurança do estado, torturado, foram-lhe arrancadas as unhas dos pés com alicate”, ele também descreve outros procedimentos macabros. 

Enquanto o pai era cruelmente torturado, M.F conta que era comum ouvir tiros na vizinhança. Um episódio que ele se recorda bem é quando assassinaram seu vizinho e a esposa grávida por, segundo ele, apoiar a UNITA: “aquela imagem não sai da minha cabeça. Mandaram-lhes correr e atiraram nele, na cabeça, e em sua mulher, nas costas. Foram deixados na rua como muitos outros corpos que já lá estavam”.

Na juventude, M.F, seu irmão e alguns amigos formaram um grupo de Rap onde abordavam, em suas composições, letras que criticavam o governo, falavam sobre sua realidade, problemas sociais e a má gerência governamental. Tentaram engrenar suas músicas em uma rádio, mas foram expulsos. Segundo ele, todas as rádios eram vinculadas ao Estado.

Começaram a receber ameaças por causa disso, então resolveram mudar de cidade. Foram para uma cidade chamada Lubango, e pela primeira vez seu pai teria sido autorizado a ter um emprego como motorista de um hospital, mesmo sendo um homem formado, poliglota e, segundo M.F, com muita experiência de trabalho.

“Por medo de sofrermos as mesmas retaliações que meu pai havia sofrido, resolvemos nos calar por amor à vida. Mas doía-me ver a situação e não poder expressar minhas insatisfações” – desabafa o angolano.

A censura sempre foi constante na vida de M.F e comum no país de Angola. Segundo o jornalista angolano João Katombela, a intensificação da censura prova que a liberdade de imprensa ainda é uma utopia no país: “A censura continua em várias redações. É uma situação que preocupa o sindicato e qualquer jornalista”.

Já adulto, casado e com família formada, M.F refez sua vida. Ele e a esposa trabalhavam em um banco público, o Banco de Poupança e Crédito, BPC e mantinham uma vida de classe média alta, diante da realidade do país.

Em janeiro de 2011 foram transferidos para Luanda e viviam em um condomínio de luxo, sem qualquer dificuldade financeira. Em 2012, nosso protagonista conheceu dois veteranos de guerra que vamos chamar também pelas iniciais: A.K e I.K. 

Na ocasião, eles precisavam de ajuda em um procedimento bancário, nesse processo, M.F se identificou bastante com os dois. Tinham as mesmas opiniões acerca dos problemas do país.

A ideia dos ativistas era instruir alguns jovens a fazerem manifestações pacíficas exigindo pelo menos água potável, luz elétrica, medicamentos, escolas, etc.

Em Angola, quase metade da população não tem luz em casa, apenas 22% das pessoas têm acesso a água potável, além disso, a estimativa de vida no país é uma das menores do mundo: 42 anos de idade.

Nessa altura, M.F os apoiava nesse processo com ajuda financeira, transportes e panfletos. 

Meses depois, M.F soube que eles teriam sido sequestrados em via pública em Luanda, enquanto tentavam organizar uma manifestação contra as políticas do MPLA. 

Nos anos que se seguiram, algumas notícias locais mencionaram que eles teriam sido torturados, assassinados e tido seus corpos lançados aos jacarés, por isso, os restos mortais jamais teriam sido encontrados.

A Procuradoria Geral da República – PGR declarou que os dois ativistas teriam sido realmente assassinados por agentes da polícia nacional e da segurança do estado. Houve julgamentos que chegaram a identificar alguns agentes e o chefe da operação responsável, mas, até então, nada conclusivo, segundo M.F.

Ele relembra um episódio em que foi interpelado por dois policiais ainda no ano de 2012. Os policiais questionaram qual era a relação que ele teria com os dois ativistas mortos. M.F negou, mas lamentou ter se calado mais uma vez. Essa vontade de falar, de expor os fatos, comunicar o que estava errado e nada poder fazer, o consumia por dentro desde sempre.

Em 2016, foi convidado a fazer parte de um projeto de criação de uma revista. Escreviam sobre a realidade política do país, como por exemplo, matéria sobre uma suposta corrupção que envolvia o nome do ex-vice-presidente da Angola, Manuel Vicente.

Relatavam também sobre os abusos do Serviço de Investigação Criminal, o SIC que, segundo M.F, atuavam como assassinos do MPLA, publicavam histórias de tortura que algumas pessoas sofriam, falta de fiscalização nos produtos de primeira necessidade pela população angolana, entre outras. 

Dois dias antes de uma das publicações, M.F recebe uma chamada anônima ameaçando sua família. A voz do outro lado da linha dizia saber qual escola seu filho frequentava, onde sua esposa trabalhava e que eles morreriam, caso uma das matérias fosse publicada.

Depois disso, ele que ainda trabalhava no BPC começou a ser discriminado, perdeu funções de trabalho e alguns privilégios que o banco concedia. Até seu computador começou a ser monitorado.

Certo dia sua esposa, enquanto dirigia, foi cercada por três motoqueiros armados, ela conseguiu fugir, mas o episódio se repetiu quase um ano depois, dessa vez ela estava com seu filho mais velho e teriam sido abordados por dois homens da SIC. 

A situação estava cada vez mais insustentável. 

Até que um dia, em consenso com seus familiares, M.F decidiu sair de Angola com sua esposa e filhos.

Chegou ao Canadá em 2022 precisando de documentos de autorização para a entrada no país em busca, enfim, de uma vida nova.

Um desses documentos era a tradução certificada, e foi nessa ocasião que conhecemos esse simpático angolano. O serviço da Fale Alfa possibilitou que M.F se mudasse para Montreal com a família onde vive hoje.

Entendemos a importância da tradução certificada na vida de pessoas como M.F, que buscam ter o direito de ir e vir.  

Através do nosso trabalho, tornamos a comunicação eficiente entre diversas culturas através da tradução.

Temos orgulho em fazer parte dessas histórias de vida, pois as traduções certificadas têm uma representação profunda e muito significativa, como podemos ver neste caso. Se você está precisando realizar traduções certificadas, conte com a Fale Alfa. Estamos há mais de 25 anos atuando no mercado, levando aos nossos clientes experiência e qualidade de tradução, tudo de forma prática, ágil e confiável.

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